O crime do poeta
todo o tempo que restar
quero me emoldurar
de todo lenço
enlaço o vento
e vou te buscar
mesmo a memória
tantas outras floras
abrasadas cores
que desaguam
sem demora
na natureza das palmas
de tuas mãos
que vigoram
o algoz perfume
que o melhor
costume pode
desfalecer.
em teus ouvidos
os pássaros choram
a dor de não te ter,
e como um bom rapineiro
vim de te provar que sou teu
meio melodia e fúria
te ardo na mente
te caço nas vertentes
te faço mulher
em vidas e vindas
tomei licença de te amar
posso romper o mundo
mas o meu importuno
foi não te delatar
a verdade que escondo
por medo de não me encontrar
no amor corredio
massivo, esquivo
nas palmas das mãos
de teu paladar.