Oceano de (Des)culpa

Púrpura vive a inocência invisível,

A flor da inexatidão na estupidez,

O que não parecer assim tangível,

Dá luz aos vários intensos porquês.

A calefação não se fez tal mazela,

É desta vergonha, da insanidade,

Torno monstro diante da donzela,

Acolho o oceano da minha maldade.

Ainda que não haja quem se importa,

Minha descortesia fechou a porta,

Que sorriu por mais tempo pra mim,

E aferia muito carinho terno assim.

Caiu meu rosto diante da loucura,

Das paixões que me arrebentaram,

Cavando o descontrole que fulgura,

As frustrações que me acometeram.

Porque existe esta inconsistência?

O vilipêndio alheio por morosidade,

O refúgio fez-se grande calamidade,

Porque existe esta impertinência!

Ao exílio das atitudes impensadas,

Deixo minha alma pela correnteza,

Como punição a ações equivocadas,

Diante desta autônoma aspereza.

Imbecil é quem se achou correto,

Tratando de cultivar a dualidade,

Maculando a vida neste concreto,

Aonde nada é concreto, na verdade.

Eu estou a viver um mundo morto,

Pelo jeito, me tornei um inumano,

Agora estarei subjugado no porto,

Aonde eu me arrisco a ser profano.

Por toda a existência é esperada,

Uma oportunidade para o sorriso,

Uma alma te contempla a alvorada,

Demonstro simulacro do meu viso.

E no final sou um neófito imbecil,

Cadavérico nesta egofobia caótica,

Aonde a carótida de o inferno servil,

O espírito vaga de forma neurótica.

Doei esta decência em testamento,

Afinal, quem precisa dum tormento?

Causar dor não é a minha atração,

Apenas adquire-se contenda e aflição.

O Dissecador
Enviado por O Dissecador em 03/01/2016
Código do texto: T5498548
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2016. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.