Oceano de (Des)culpa
Púrpura vive a inocência invisível,
A flor da inexatidão na estupidez,
O que não parecer assim tangível,
Dá luz aos vários intensos porquês.
A calefação não se fez tal mazela,
É desta vergonha, da insanidade,
Torno monstro diante da donzela,
Acolho o oceano da minha maldade.
Ainda que não haja quem se importa,
Minha descortesia fechou a porta,
Que sorriu por mais tempo pra mim,
E aferia muito carinho terno assim.
Caiu meu rosto diante da loucura,
Das paixões que me arrebentaram,
Cavando o descontrole que fulgura,
As frustrações que me acometeram.
Porque existe esta inconsistência?
O vilipêndio alheio por morosidade,
O refúgio fez-se grande calamidade,
Porque existe esta impertinência!
Ao exílio das atitudes impensadas,
Deixo minha alma pela correnteza,
Como punição a ações equivocadas,
Diante desta autônoma aspereza.
Imbecil é quem se achou correto,
Tratando de cultivar a dualidade,
Maculando a vida neste concreto,
Aonde nada é concreto, na verdade.
Eu estou a viver um mundo morto,
Pelo jeito, me tornei um inumano,
Agora estarei subjugado no porto,
Aonde eu me arrisco a ser profano.
Por toda a existência é esperada,
Uma oportunidade para o sorriso,
Uma alma te contempla a alvorada,
Demonstro simulacro do meu viso.
E no final sou um neófito imbecil,
Cadavérico nesta egofobia caótica,
Aonde a carótida de o inferno servil,
O espírito vaga de forma neurótica.
Doei esta decência em testamento,
Afinal, quem precisa dum tormento?
Causar dor não é a minha atração,
Apenas adquire-se contenda e aflição.