A CANÇÃO DO AMOR
A CANÇÃO DO AMOR
O Amor foi programado por um louco
Decerto sem as bases do programa!
Que às vezes sendo tanto sabe a pouco
E outras, pouco, em ódio se derrama
Talvez até tivesse a mão dum cego
Que Amor por tanta vez traz a cegueira
As mãos também tacteiam num conchego
E têm, de tocar, igual maneira
Ou surdo, que meteu também o dedo
Na ânsia dum trabalho que se louve
Mas não estava seguro, foi a medo,
Que Amor por tanta vez ele não ouve...
Ou teve ali a mão de algum pirómano
Que olhando os outros, cheio de ciúme,
E vendo Amor já feito, megalómano,
Tratou de incendiar metendo lume
Por mim, de todos estes, teve um pouco...
Dum mudo até... Amor às vezes cala…
Ou mesmo dum enfermo... fica choco
Olha todos à volta e pouco fala
Mas se ele teve a mão de controversos
Seres, de que falei em seus sinais,
Porque é que tanto surge em nossos versos?
Cantá-lo, será dar valor de mais?
Oh não! Sabe por certo quem o sente
Que a força que nos dá logo transporta
A alma, o coração, a nossa mente,
A outra dimensão!... Que nos importa
Se é louco, ou se é cego, surdo ou mudo,
Pirómano, doente, incendiário,
Se Amor é a razão de ser de tudo
E muda o que é comum em extr'ordinário?
Pairando nesse plano tão sublime
Levando ao ser vivente a emoção
Fazendo com que tudo se aproxime
AMOR merece sempre uma canção.
Joaquim Sustelo
(editado em UM POUCO DE SOL)