A CANÇÃO DO AMOR

A CANÇÃO DO AMOR

O Amor foi programado por um louco

Decerto sem as bases do programa!

Que às vezes sendo tanto sabe a pouco

E outras, pouco, em ódio se derrama

Talvez até tivesse a mão dum cego

Que Amor por tanta vez traz a cegueira

As mãos também tacteiam num conchego

E têm, de tocar, igual maneira

Ou surdo, que meteu também o dedo

Na ânsia dum trabalho que se louve

Mas não estava seguro, foi a medo,

Que Amor por tanta vez ele não ouve...

Ou teve ali a mão de algum pirómano

Que olhando os outros, cheio de ciúme,

E vendo Amor já feito, megalómano,

Tratou de incendiar metendo lume

Por mim, de todos estes, teve um pouco...

Dum mudo até... Amor às vezes cala…

Ou mesmo dum enfermo... fica choco

Olha todos à volta e pouco fala

Mas se ele teve a mão de controversos

Seres, de que falei em seus sinais,

Porque é que tanto surge em nossos versos?

Cantá-lo, será dar valor de mais?

Oh não! Sabe por certo quem o sente

Que a força que nos dá logo transporta

A alma, o coração, a nossa mente,

A outra dimensão!... Que nos importa

Se é louco, ou se é cego, surdo ou mudo,

Pirómano, doente, incendiário,

Se Amor é a razão de ser de tudo

E muda o que é comum em extr'ordinário?

Pairando nesse plano tão sublime

Levando ao ser vivente a emoção

Fazendo com que tudo se aproxime

AMOR merece sempre uma canção.

Joaquim Sustelo

(editado em UM POUCO DE SOL)

Joaquim Sustelo
Enviado por Joaquim Sustelo em 02/07/2007
Código do texto: T548956