Amor Avaro
Dá-me, minha amada, alegrias desmedidas,
Cansa-me a alma felicidade tão dosada!
Por que me é tão duro teu abraço?
Por que me é avaro teu sorriso?
Acaso não é infindo o doce paraíso?
Até teu pranto me é caro!
Pudera eu - mesmo em lágrimas -
Preencher teus olhos sublimes!
Mas momento assim a mim é raro.
Tudo que me oferta é tão passageiro:
Seu semblante, sua sombra, tua presença -
Faz-me que com a vida ande em desavença!
Ah, que mal sinto teu balsâmico perfume!
Se sinto, ah! Té os jardins sentem ciúme!
Tudo, em todo o teu ser, que inda sobeja;
Ah, se cruel não fosse! De bom grado daria
A esta pobre alma, que tudo em ti deseja!
Mas se amor é caro a mim cá neste mundo,
E desta paixão somente ganho sobras -
Viva então na mendicidade este amor profundo!