IMPREVISÍVEIS JOGOS DE APARÊNCIAS
Nascemos diferentes
de qualquer outro ser vivente
jeito próprio de ver as cores
equacionar idéias
desfrutar sabores
perceber os sons. . .
Porém, em momentos raros
à luz insistente da aurora
nos deixamos desabrochar
feito flores de dama-da-noite
que se mostram
mais pelo que não são
à distância dos lugares
onde se escondem na escuridão.
Esse nosso modo estranho e assutador
vez ou outra, encanta alguém
em imprevisíveis jogos de aparências
que assaltam olhares desavisados
em bailares hipnóticos
elevando-se a eminências
de cordilheiras inalcançáveis
ou depositando-se nas profundidades
desconcertantes de mares inexplorados.
Feito o insondável enigma
quebra-cabeça chinês de 1001 peças
somente a poesia sopra algum alento
à mente perplexa
diante do não-entendimento
que tece um destino às avessas
trôpego relato de viagem
sem linha de tempo possível
em que caminhamos sem óculos
mãos nuas e pés descalços
como se apenas fôssemos
desbotada fotografia de outra pessoa. . .
- por Hans Gustav Gaus, identidade secreta de José Luiz de Sousa Santos -