Desalento
Nosso amor esvaiu-se na linha do tempo,
perdeu-se no labirinto da desilusão.
Fogo fátuo de um desejo abandonado,
corpo sem alma que jaz esquecido, desfigurado.
Nosso encontro encarnou o mito de Prometeu
que, no lago profundo da indiferença,
sucumbiu moribundo, pálido e descarnado... esmoreceu.
Nosso olhar se revelou prenhe de cumplicidades,
encantou afagos, orgasmos, sonhos e projetos.
Hoje, se revela como um débil conjunto de frivolidades.
Fomos juntos tudo isso, olhares, prazeres, delírios,
risos, carícias, sol, chuva, tempestade, inverno e verão;
uma miríade alucinante de intensos sentimentos,
que agora se esvaem tênues no horizonte do esquecimento.
Hoje, neste árido outono de uma esperança,
só nos resta velar, chorar e sepultar
com inaudita e desolada sofreguidão,
os rotos pedaços daquilo que um dia foi a nossa ilusão.