Na Estrada
A vida me cobra razões pelo meu viajar errante,
mas são coisas que não sei explicar.
Sigo cortando o asfalto,
acelerando diante de nuvens de poeira
que se dissipam feito esperança,
e atravessando paisagens tão verdes,
que se tornaram teimosas demais
para cederem ao concreto e metal.
Sempre em frente,
em alta velocidade pela Estrada da Vida,
que agora já não se contenta em gastar meus pneus e gasolina.
Ela quer mais, me quer mais.
Por isso, mastiga meu ânimo,
devora-me o Espírito.
E tenta, dia após dia,
desvanecer minha paz,
feito o brilho que se esvai
num olhar decepcionado.
Ainda assim, eu persisto,
Morrendo de medo, resisto
E com todo o amor do mundo, insisto,
Sem jamais pensar em desistir, eu sigo.
E aí, diante do fim da via,
eu, já acostumado a vagar sozinho
por entre tantas ruas vazias,
nas quais busquei,
durante muito tempo e em vão,
estacionar meu coração,
me permito, como que num último suspiro,
parar num acostamento,
e expulsar essa ingrata companheira de viagem,
chamada solidão.
Nessa hora absolutamente necessária,
retornando para a Estrada da Vida,
eu percebo você, e lhe permito entrar!
A viagem me parece tão divertida agora,
que eu já nem corro mais tanto quanto antes.
Se eu fazia aquilo, era pra tentar esquecer, escapar
me distanciar cada vez mais de mim.
Hoje as emoções se renovam,
e os sentimentos não nos envelhecem,
No caminho, não mais nos perdemos,
o Amor nos guia pelas estradas mais escuras,
enquanto a paixão queima em intensa,
e perfeita combustão.
Com você acelero e sigo adiante,
sempre em frente.
A vida me cobrava razões pelo meu viajar errante,
mas são coisas que eu já tentei explicar.