OLHARES
 
OLHARES
 
Quando os olhares se cruzam,
se olham, se medem,
algo se tem por trás, ainda que diante,
ou por dentro, ainda que se mostre afora,
seja leve ou mais intenso;


Um olhar diz o que quer... fala sem palavras...
... o outro em dúvida, talvez,
entende ou não, se faz descrente;


De um olhar pensamentos se abrem pra imaginação,
tezão, carinho, vontade, querer e emoção,
e mesmo assim um outro olhar parece dizer não;


Este, se fecha dentro do seu mundo,
se desvia e se esconde pra não ter decepção
(assim acredito)...
ou porque realmente não quer
(assim respeito).


O outro – aquele meu outro olhar – procura em vão,
mas não esconde mais a sua intenção.


Ele te busca mulher, pra dizer o que quer...
... o que sente, em sua mente. 
No seu coração...


Pudera este meu olhar concretizar em atos
a sua inebria sensação.
Fazer despertar em ti, entre nós,
o ‘transe’ e o encanto,
como um lírico e poético canto.   


Mas... nem tudo na vida se faz como se quer...
inclusive aos olhares que se cruzam
entre um homem e uma mulher.


De troca em troca,
apenas olhares que se cruzam,
se olham, e se medem.


De amor ou desamor,
de sonho ou frustração,
de um querer ou não querer,
de ter e ao mesmo tempo não ter.


De uma contradição sem igual,
um olhar vai mais além do que só a vontade sexual.
Pensa n’algo mais...
num acontecer, algo real...


Mas nada acontece, é sonho,
um bem-querer na imaginação.
Nada de concreto: ilusão.

 
No antagonismo dos nossos olhos,
os olhares se alinham
e se correspondem numa linguagem universal.
Nada mal...


O que se quer ou não se quer,
o que se pretende sem pretensão,
o sim ou o não, o
u quem sabe, talvez...

 
E assim os olhares se cruzam com dúvidas entre si.
Se buscam e se desviam,
apenas imaginam...


Assim os olhares se dizem,
se entendem, se interagem. 

Assim os olhares convivem,
se olham, e não se ferem.

Sem cobrança ou compromisso ...
ainda que haja esperança ou nada disso.      

 
Na incógnita do tempo e da vida,
um olhar não nega a vontade de fazer acontecer.

Mas a única certeza é a do silencio convicto dos nossos olhos: 

Quando os olhares se cruzam,
algo mais se tem a dizer !