Âmago
Eu vi você outro dia, vindo pra quebrar minhas pernas, para que eu pudesse repensar sobre o que viria a ser o amor, para que eu pudesse enxergar como minhas tardes eram solitárias e minha mente vazia.
Eu o vi. Quando imaginei que pudesse ter visto as coisas mais lindas do mundo, o seu sorriso começou a ser desenhado, quando eu -sem querer- disse algo que te fez rir, você riu pra mim. E riu com a certeza de quem estava conquistando um continente inteiro, incólume, jamais visto, jamais tocado.
Ah, eu que sempre desacreditei, que dizia ter o coração fleumático. Puro engano, meu zelo encardido… Ignóbil.
Vê-lo e ama-lo, foi ter reconhecido a minha farsa, a minha relutância em não me deixar ser comovida, em não permitir que eu pudesse me perder em teus olhos…
Eu o vi arrancando meu orgulho com irrupção, desde o âmago até a pele que ainda hoje desfalece, ao vê-lo novamente.