Tempos Errados
Amei na hora errada.
Era cedo,
Era perfeita cilada
E o medo,
Que ignorei por nada,
Agora ri,
Mostra as garras.
Agora o "se"
Expõe condições infinitas,
Divagações imprecisas,
Assim tristes,
Assim humildes, e
Um tanto indecisas.
Você não entendeu na hora certa,
Nem se comoveu
Com a cena,
Não teve pena,
Não esmoreceu
Ao ver-me naquela rua deserta,
Sem saída,
Eu ali, caída,
Traída,
Sem noção,
Sem tempo certo.
Na distância equivocada,
Sem distinguir
O perto,
O longe,
O tudo,
O nada.
Sem saber que era cedo demais pra amar
Sem sentir que era tarde demais pra impedir...
Então continuo ali, aqui.
Não vou, nem volto,
Não ouso, nem temo,
Não sou vida, nem morte,
Sou vago meio termo.
Nesse impasse sigo.
Dia após dia,
Desde então.
Sobreviver consigo
Nesta vigília,
Ou talvez não.
Esperando o tempo me alcançar
Percorrendo sem movimento,
A distância do seu olhar,
Imaginando a todo momento,
Se vale a pena a respirar
Por mais um dia
Ou quem sabe tentar
Ser menos fria,
Menos vazia
E recomeçar.
2003 (o ano da neve e do desengano)