MIL VEZES
Eu roguei mil vezes pelo seu amor,
recebi somente o seu vil desprezo,
por isso eu vejo tornar-se negror
aquele lampejo que mantinha aceso.
Escrevi mil versos na noite quieta,
velando um sonho que em mim crescia
e no meu delírio me julguei poeta,
fiz do meu mundo uma só poesia.
Implorei mil vezes ao fulgor da lua,
que excitasse o amor no meu ser dileto,
porém, percebi que eu estava nua
de sua paixão e do seu afeto.
Acenei mil vezes ao clarão dourado,
do sonho encantado que já fenecia
e fiquei chorando pelo meu amado,
que do meu caminho desaparecia.
Depois de mil coisas vivo a meditar,
sobre meu passado, sobre meu presente
e de mil esperanças que eu vi findar,
restou-me somente um coração carente...
(imagem do google)