CONDENADO PELA SAUDADE

Já vai longe a madrugada

E na distância se aproxima

O raiar de um novo dia,

Na janela do quarto

Geme triste a ventania

E na cama solitária

Um corpo em agonia

Clama contra o destino

E geme de frio.

Já é tarde

E ela não veio!

Está ferido o meu peito

E é tão grande a cama

Que me pego a vagar

Perdendo-me em lamentos

Entre lençóis e pensamentos.

Meu amor!

Quem me dera

Que o amanhecer

Viesse junto o esquecimento,

Quem me dera

Se com o sol

Viesse também a morte

Com o fim da minha dor!

Mas se a sorte me condena

A ter que te esquecer,

A vida me condena a viver!

E é por isso que me arrasto

De bebida em bebida,

De saudade em saudade.