Não mais que de repente

E como uma coisa tão pequena me pegou pela mão

Arrastou meu âmago, meu ego, meu trôpego

E de repente não tinha chão, nem ar, nem mão

Eu flutuava acordado, tudo isso calado

Deixou-me numa eterna monotonia

Essa espécie de magia, eu balbuciava

Noite e dia, seu nome, sua risada, o nosso dia

E nessa estranha rotina eu dançava como não podia

Ria quando não sabia, entendia o que era amar

Percorria as vitrines te vendo passar na galeria

Idealizava teu rosto numa dessas tabacarias

Em estranhas fumaças te via luzir

Passatempos tão meus, minha estranha mania

E tava eu quieto no meu canto e veio você

Aporrinhar e tirar o meu sossego

Foi como acordar em plena relva

Alimentasse o que havia de mim mais selva

Foi como acordar em alto-mar

Fiquei meio tonto, enjoado, não posso negar

É que de repente veio tanta beleza

Eu que antes achava nem ser bolo

Tinha ganho a cereja

Desculpa te assustar com todo o encantamento

Mas é que sou novo nessas coisas, coisa de momento

Se sempre fui desolado, já vivi do relento

Fiz poesias para casais que admirava

Dei flores a mulheres alheias, mesquinhas

Simplesmente porque ela passava

E veio você...

Sombra em dias primaveris

Colorido nos dias frios

Confusão dominical

Alegria das segundas-feiras

A parte de mim mais amada

O extra eu que mais me pertencia

Gabriel Amorim 28/03/2015