LETRAS E NÚMEROS
Ela era poesia
e eu matemática.
Ela era verso livre,
e eu conjunto fechado, quadrado.
Ela era o toque espontâneo,
a palavra, a inspiração.
Eu era a dúvida, a incógnita,
um código a decifrar.
Ela era papel em branco,
Pronto para receber histórias.
Era aventura, mundo encantado, fantasia,
terra distante para explorar.
Eu era equação exata,
era problema sem solução,
era conjunto finito,
certo ou errado – grandeza escalar.
Tão diferentes e tão iguais...
Pois ela às vezes também tinha ritmo,
Tinha métrica, tinha rima certa
– Abab, Abba –
E ela desvendou meus segredos,
aprendeu meus algoritmos,
descobriu que nem tudo em mim é tão exato,
que além de retângulos e quadrados,
também há círculos, elipses e espirais.
E na matemática de nossa poesia
descobrimos um ao outro,
e seguimos juntos em linhas paralelas,
o côncavo e o convexo,
arestas que encontram suas faces.
Somos palavras que somam sentidos,
Às vezes metáfora, outras antítese...
Tão diferentes e tão iguais.