A cigana descarada
Não tinha só os olhos ciganos
Cigano era também o coração
Quando preciso levantava acampamento
Desfazia-se de tudo que lhe era desnecessário
Trazia consigo apenas as suas lembranças
Armou agora a sua tenda muito próxima do meu coração
Nas horas mais insólitas tocava suas castanholas
E as dominava na palma de sua mão
Pisando firme para marcar o ritmo fazia o chão estremecer
Pôs as cartas na mesa e leu-me no seu tarot
Embriagou-me com sua bebida barata
Arrancou-me os últimos afagos
E quando acordei daquele delírio, lá se tinha ido a última cigana descarada.