DO AMOR AO SEU CONTRATO
Será que o amor pode julgar?
Será que amar é se mudar?
Plantar rosas no coração
Deixar os espinhos penetrarem
E até o fim sangrarem
A seiva mãe que deixa são
A perfeita mutação
Do que conosco há
Retalhar, aquiescer
Refazer, embaralhar
A livre circunstância: manipular
Moldar ao seu tamanho
Machucar ou diminuir
Seduzir a imagem
Conduzir a leviandade
Até acabar a banalidade
Ficar, consumar, regozijar
Ultrapassar, cansar, viver
Descansar da redundância
Ganhar em primeira instância
Resumir, apequenar, obliterar
A beleza do sem significado
O enfadado ser risonho
Que só ri pra agradar
E sorrir já não consegue
Ao caminhar já se despede
Quando chega nunca vem
Ao saber ignorava
Ao falar emudece
Envelhece, desvanece
Nesse amor que agora vago
Vaga a livre sorte
Serpenteia em si
A própria morte
Escurece a vista
Até que cego
Reencontra seu desagrado
O diabo e o contrato
Se assina
A sina fica
Se lhe queima
A pele teima
A decisão
O foco
O fogo
O coração
Meros estados
Da imaginação
Produtos
Que permanecerão
Se com calma
Venderes ou não
A própria alma.