DO AMOR AO SEU CONTRATO

Será que o amor pode julgar?

Será que amar é se mudar?

Plantar rosas no coração

Deixar os espinhos penetrarem

E até o fim sangrarem

A seiva mãe que deixa são

A perfeita mutação

Do que conosco há

Retalhar, aquiescer

Refazer, embaralhar

A livre circunstância: manipular

Moldar ao seu tamanho

Machucar ou diminuir

Seduzir a imagem

Conduzir a leviandade

Até acabar a banalidade

Ficar, consumar, regozijar

Ultrapassar, cansar, viver

Descansar da redundância

Ganhar em primeira instância

Resumir, apequenar, obliterar

A beleza do sem significado

O enfadado ser risonho

Que só ri pra agradar

E sorrir já não consegue

Ao caminhar já se despede

Quando chega nunca vem

Ao saber ignorava

Ao falar emudece

Envelhece, desvanece

Nesse amor que agora vago

Vaga a livre sorte

Serpenteia em si

A própria morte

Escurece a vista

Até que cego

Reencontra seu desagrado

O diabo e o contrato

Se assina

A sina fica

Se lhe queima

A pele teima

A decisão

O foco

O fogo

O coração

Meros estados

Da imaginação

Produtos

Que permanecerão

Se com calma

Venderes ou não

A própria alma.

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 20/01/2015
Código do texto: T5108180
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