CORAÇÃO PEREGRINO

Sonhei. Meu coração estava inquieto.

Queria viajar, percorrer distâncias, alçar voos,

Sondar corações, medir intensidades,

Saber se ainda existe o amor,

Aquele verdadeiro, sem falsidades,

Intenso, com troca de olhares,

Nunca de agressões absurdas.

Procurou primeiro uma criança,

Absorta numa brincadeira inocente,

Na qual empunhando uma rosa vermelha,

Tirava suas pétalas para sentir seu perfume,

E depois de junta-las nas palmas das mãos,

Jogou-as no ar onde a brisa de passagem,

Fez com que se dispersassem e meu coração vibrou.

Depois sondou o mundo de uma mãe que amamentava,

E viu uma troca intensa de olhares entre ela e o bebê,

Sentindo que aquele momento mágico de ternuras,

Não existia igual e por esse cenário se apaixonou,

Vendo que o amor habitava naquele aproximar de corpos,

Onde o leite da vida era sugado com intensidade,

E tirou conclusões que deixou meu coração feliz.

Voou para distantes paragens observando a natureza,

E viu que o verde das matas acalmava meu coração inquieto,

Tantas as belezas que viu na floresta toda florida,

Com cachoeiras caindo mansinhas lá do alto do morro,

E a passarada em revoadas cantavam lindos gorjeios,

Até que tomaram seus rumos em busca de alimentos,

E depois o silêncio foi tomado pela brisa que me acalentou.

Esqueci então que no mundo ainda existem as guerras,

Perversões onde se matam por mesquinhas disputas,

Onde até as religiões que deveriam pregar o amor,

São motivos para se destruírem nações ou dinastias,

E as crianças, mulheres e idosos são as maiores vítimas,

Que aos milhares morrem ou peregrinam sem destinos,

E meu coração mutilado e sangrando copiosamente chorou.

Busquei então o amor entre os casais apaixonados,

Observando se são verdadeiros ou então de momentos,

E naqueles onde a mulher recebe carinhos e também flores,

Ele frutifica até se consolidar numa troca de alianças,

Onde no Altar e com a presença de Deus e testemunhas,

As promessas devem ser cumpridas numa feliz existência,

E do sonho que vivi percebi que ainda existem esperanças.