O MAL QUE A TUA FALTA ME FAZ.
À noite, quando as mais belas estrelas se puserem
A observar a inquietude dos seres solitários,
Certamente me verão também inquieto,
Apenas a observar a beleza dos astros,
Talvez tentando me afastar da lembrança
Que o brilho dos teus olhos me traz;
E na dor que embriaga o meu ser,
Destorcendo o meu planto em delírio,
Descanso-me sob a tua sombra,
Pensando encontrar abrigo aos pés de minha arqui-inimiga,
Entrego-me ao delírio e exponho minha face,
Digo o quanto me faltas e mostro-te o mal que a tua falta me faz.
Já por alto dia, me desperto ao vapor do deserto e de certo,
Não a minha face, mas o meu crânio ao sol quero expor,
Desejo que este, o meu cérebro frite asse ou cozinhe,
Basta que me descanse da dor que o meu ser assola;
Tal qual a tempestade de areia, que sega o despreparado viajante,
Que torna o dia em noite, sem direito às estrelas ou o luar,
Quero de volta a liberdade de contentar-me em fitar as estrelas,
Caminhar às ruas sem desejar um destino que me arraste pra ti sem demora.
Desejo amar as estrelas apaixonar-me pelo luar,
Com dias certos e hora marcada,
Quero desposar do oceano,
Perder-me em suas areias;
Encantar-me por suas rochas trajando vestes de corais por toda cintura,
Quero morrer de amores pela natureza,
Que cegar-me com o brilho dos teus olhos,
E voltar a vagar até cair novamente e suas teias.
Gomes