Cobiço as palavras não ditas
Contrastá-las nas brancuras,
Mesmo que no afã de buscá-las
Seduza a vida as vis clausuras,
Manifestas minhas desditas.
Bendizê-las bem, as poderia,
Antídoto, às sanhas malditas!
Por quê? Derramar aos outros
Inconvenientes agruras do dia.
Debruçado em aforismos loucos...
Traço mais uma linha de dor...
A cada pincelada uma lágrima,
Ao invés de cunhar de espinhos
Esboço em vocábulos rara flor!
E em toda a tela concluída,
A tua face é que contemplo
Em todo vão e esparso momento
Nas galerias de meu pensamento.
Quisera, soubesses que recordar-te,
Aparta-me da luz, enegrece minha alma,
Caiada de sonho, amorfa sem brilho!
Quedada esculpida em mal traçadas linhas.
Pior que não encontrar as palavras...
É não poder ressuscitar o Amor do verbo
É dó maior o poeta voar sem rumo e sem asas!
Reverberar estrelas, a lua, em fulgor terno
Furtando ao senso, as razões o ermo idílio,
A Dantesca paixão desmedida desse inferno
O voo de uma tão só e muda andorinha.