Deixe-me só ou a sós
Deixe-me só
Quanto durará meu sono enquanto você sumir?
Quem serei eu de repente no espelho
Meio sem todo, esquisito, esdrúxulo, permeio
Como dominará as ruínas, as neblinas
As meninas sempre “calientes” nunca deixarão
A brasa queimar, o fogo apagar, a esperança reinar
E as comidas, bebidas, nossa mesa farta
Não se vá agora, estou em pleno sonho
Fuja, se puder, para muito longe, quero desconhecer
Vai que crio barba ou crio asa
E voo para te afugentar, ou queimar, arranhar-te
Com meu carinho, minha flor murcha, espinhos
Mas vê se lembra de mim quando contar
Tuas estórias para boi dormir, teus filhos que moram aqui
Tuas saídas errôneas, disfarces, calúnias, tão cafonas
Rimos tanto que chorei e fiquei aqui
Se o vidro já embaçou de nosso arfar
Se a cama já pegou fogo e em brasas vi-me queimar
Hoje tenho cama vazia, a boemia, chuva a condensar
Mulher posso ter, calor não posso comprar, volta
Quero só mesmo um abraço, o teu laço, caetanear
Vil animal brutal, sei que já fui
Cruel, hostil, ardil, foste um dia
Juntamo-nos em troca sou viril
Fiquei ainda assim no cio, vazio
Vai, pode acabar, volta pra mim,
Meu menino vadio
Perdoa os detalhes
Fruímos de quase tudo
Fomos da laranja podre, a metade
Não sei se salvou ou jogou fora
Comi foi mesmo da amora
Engraçado como agora
Comi de tudo e ainda quis
A que me despejou, só agora
Varre depois o que sobrar de mim
Os cacos de uma vida cortante
Serei navalha em diante
Prometo tentar não te sangrar
Mas é que amo o escarlate
Sou daquelas que não bate,
Mas açoita o que há de respirar
Quando passares juro, não clamarei perdão
Olharei para os céus, já fiz até promessas
Ajoelharei aos teus pés ou aos da cama
Juntarei as mãos
Não sei se nua ou de pijama
Gritarei porque não te tenho
Chorarei porque te quero até do avesso
Adorando-te preço a preço
Pra mostrar que compro briga, pois
É melhor morrer odiada que sua amiga
Dizem que amor e ódio tem linha tênue
Prefiro arriscar a nostalgia da saudade
À impotência do passado, direi novamente
O meu mantra:”Te amo, fique à vontade”
Gabriel Amorim 17/09/2014