O Lacônico Adeus

um olhar americano entrou no aeroporto

e encontrou

o olhar europeu.

começa aqui

o apogeu

da brevidade de uma vida

que nasceu da junção de duas

e no ápice dos sonhos

morreu.

o destino entrou de repente

e decidiu

traçar o futuro.

mostrou que eternidade

é coisa incerta,

negócio inseguro.

mostrou que amar é duro

e estão todos vulneráveis

a guardarem seus anseios

num murmuro.

o acaso, assistindo de longe,

não sabia

como agir depois disso.

deveria

interferir

ou evitar um reboliço?

seu acaso, pense bem

pra não fazer tolice

pois corações

são quebradiços.

quem também tava presente

era ele

o tempo desalmado.

enigmático, e passando,

só deixando

tudo aquilo

no passado.

se rápido ou lentamente

iria passar para eles,

não disse.

mas a culpa não é dele,

o tempo nunca é culpado.

o culpado de tudo isso?

quem foi,

era o amor.

estava no meio dos dois,

dentro deles

e fora, ao redor.

o amor não tem piedade.

decide envolver duas almas

sem nem saber

quem são

onde vivem

não leva em conta nenhum fator.

e pra fechar a comitiva

da lacônica

despedida

foi ela, rainha de todos,

a inevitável

foi ela, a vida.

o destino, o acaso, o tempo,

o amor

não existem se não há vida.

mas a vida não tem poder

para curar cada ferida.

a vida, chorou, coitada,

não podia fazer nada!

- no fundo, a vida tem mãos atadas. -

e a menos que tu sejas

algum dia

um suicida,

estará até o fim

suscetível a uma triste

despedida.

Tchau.

Auf Wiedersehen.

Goodbye.

Foi.

Distância, diminua

seja pouca,

subtrai!

Distância,

me desculpa,

tua existência me agoniza.

desorientas, inibes a vida

e a vida improvisa.

Mas essa é a rotina,

enquanto houver gente e alma.

enquanto no mundo houver céu.

haverá despedidas, adeuses,

haverá partidas.

farewell.