Sensações perdidas

Sensações perdidas

Mil cabeças quisera ter

Milhões de fios pra arrefecer

Quando ao passares por mim

Afastar-me indiferente

Agir como uma demente

Pois já és o princípio do fim...

A indiferença no amor

Como um punhal abrasador

Fere até não poder mais

Nos mínimos sentidos d'alma

Ferro em brasa, tamanha dor

Acabar tudo, dor que acalma...

Pode passar, agora até acho graça

Nem ligo, pois quando és tu que vens

Nada fica, nem as sombras da fumaça

Sumiram tudo em seu contínuo desdém

Nem me altera mais tuas passadas

Fugiram todas pro além...

Por que ao falarmos de amor

Temos que citar a dor?

Se um é magia encantada

A outra um poço de horror

Se vivem assim tão unidas

São glórias de um dissabor...

Pode passar, que me afasto

Meus olhos vão para outro lado

Meus pensamentos, acabo

Findou-se uma ilusão

Mas, tudo na vida passa

Até mesmo o coração...

Trôpegos anseios se foram

Mortas as flores, uns horrores

Nada restou de antemão

Cada um para seu lado

Pois a vida sem as flores

São as mágoas da ilusão...

O orvalho que ora antevejo

Só molha sem mais desejo

As pedras que ficarão

E, as aves que restarão

Sentidas sem mais os beijos

São as aves de arribação...

Mas o sol vai levantar

A lua se aproximar

Em luares enlouquecedores

Vai o dia, a noite vem

Trazendo calma na alma

E esperança em outro alguém...

Myriam Peres

Myriam Peres
Enviado por Myriam Peres em 19/05/2007
Reeditado em 19/05/2007
Código do texto: T493407