Sensações perdidas
Sensações perdidas
Mil cabeças quisera ter
Milhões de fios pra arrefecer
Quando ao passares por mim
Afastar-me indiferente
Agir como uma demente
Pois já és o princípio do fim...
A indiferença no amor
Como um punhal abrasador
Fere até não poder mais
Nos mínimos sentidos d'alma
Ferro em brasa, tamanha dor
Acabar tudo, dor que acalma...
Pode passar, agora até acho graça
Nem ligo, pois quando és tu que vens
Nada fica, nem as sombras da fumaça
Sumiram tudo em seu contínuo desdém
Nem me altera mais tuas passadas
Fugiram todas pro além...
Por que ao falarmos de amor
Temos que citar a dor?
Se um é magia encantada
A outra um poço de horror
Se vivem assim tão unidas
São glórias de um dissabor...
Pode passar, que me afasto
Meus olhos vão para outro lado
Meus pensamentos, acabo
Findou-se uma ilusão
Mas, tudo na vida passa
Até mesmo o coração...
Trôpegos anseios se foram
Mortas as flores, uns horrores
Nada restou de antemão
Cada um para seu lado
Pois a vida sem as flores
São as mágoas da ilusão...
O orvalho que ora antevejo
Só molha sem mais desejo
As pedras que ficarão
E, as aves que restarão
Sentidas sem mais os beijos
São as aves de arribação...
Mas o sol vai levantar
A lua se aproximar
Em luares enlouquecedores
Vai o dia, a noite vem
Trazendo calma na alma
E esperança em outro alguém...
Myriam Peres