Enlace das almas

Deu início aquela conversa;

Deu o ensejo com a fuça de lua cheia;

No bule o café bem fresco,

Na mesa o bolo, a maça e a ameixa.

Na troca de vocábulos transpõem-se os obstáculos,

Surge um oráculo inócuo no enleve dos versos leves;

O dia rasgando com o sol no arrebate da torra,

A noite fica sem jeito e deseja que escuridão se entregue.

Nada daquilo é fracasso se o ocaso se vestir de amarelo,

Largar um breu quase eterno, e com isso também foi o tédio...

Há de parar com os remédios e vestir uma sunga e calçar um chinelo.

Para todos a areia está fofa, o mar bem calmo e a brisa a contento;

O inesperado não é tão enigma, pois temos a insígnia de um nobre guerreiro.

O cabelo castanho vai ficando branco; o branco dos olhos, vermelho.

O ano já está quase acabando, e depois de um espirro, já é novamente janeiro.

Vem uma luz no final do túnel, arrasando a desesperança,

Criando a salutar aliança de aceitar o escuro, mas ver a clareza.

Dizem ser indelicadeza – mas assim a vida tem mais futuro;

Dizem que estão em cima do muro – mas o muro é puramente adereço.

Deu-se o fim da conversa

Com um sorriso em todas as faces.

No bule o café ainda quente,

Na mesa um vazio

E nas almas os enlaces.

André Anlub®

(20/8/14)

Site: poeteideser.blogspot.com