Ausência
Saístes, e nem bem chegara à Primavera.
E aquilo que era o mais colorido jardim
Enlanguesceu-se, enublou-se, que assim,
Carece de sua rosa para tornar o que era
Ficaremos aguardando, que outro jeito?
Se o imperativo a fez refém e lhe ordena,
Mas não se assuste que é coisa pequena,
Como tal, logo, logo, vai ser levada a eito.
Não demores muito, nesta sua ausência,
Volta, com seus gestos largos e amplos.
Traga-nos este sorriso e todos os encantos,
Que nos é tão grato, quanto sua docência.
A sua ausência também nos será uma lição
Dir-nos-á, da importância de sua presença.
Como o turibulo na ara que tudo incensa,
Com eflúvios florais, envoltos em benção.
“Se voltar não faça espanto, cuide apenas de você
De um jeito nessa casa, ela é nada sem você
Regue as plantas na varanda, elas devem lhe dizer
Que eu morri todos os anos, quando esperei você ...”
Roberto Carlos. Abandono, (online)