"Orgia dos sentidos"

Orgia dos sentidos

À noite, deitada na minha cama

Lençois soltos, em polvorosa

Não consigo me aquietar

Rolando pra lá, pra cá

Minha cabeça fervendo

Pensando só em amar

Ponho-me logo a pensar...

Rabiscos de consciência

Detalhes de efervescência

Caprichos da natureza

Que teimo ainda em sentir

Verdades que escondi

Prazer ainda por vir...

Recolho-me envergonhada

Dos meus pensamentos loucos

Das guinadas da minha estrada

Dos sonhos assoviados

Da balbúrdia descontrolada

De minha vida desesperada...

Por que de idade avançada

Continuo sobressaltada

A querer me convencer

Que desse lado da calçada

Não devia passar pensando

Sentindo, querendo e amando?...

Tudo tem o seu momento

Na vida e no esquecimento

Que fazem da ambição

Dos tratados encimesmados

Querer ter da vida ainda a sensação

Que me enlouquece, tira a razão...

Nas ciladas que antevejo

Nas cordas soltas, sentidas

Por que privar minha vida

Dos sonhos, da tentação?

Melhor que ficar adormecida

E jogar fora a razão...

Myriam Peres

Myriam Peres
Enviado por Myriam Peres em 08/09/2005
Reeditado em 08/09/2005
Código do texto: T48851