"Orgia dos sentidos"
Orgia dos sentidos
À noite, deitada na minha cama
Lençois soltos, em polvorosa
Não consigo me aquietar
Rolando pra lá, pra cá
Minha cabeça fervendo
Pensando só em amar
Ponho-me logo a pensar...
Rabiscos de consciência
Detalhes de efervescência
Caprichos da natureza
Que teimo ainda em sentir
Verdades que escondi
Prazer ainda por vir...
Recolho-me envergonhada
Dos meus pensamentos loucos
Das guinadas da minha estrada
Dos sonhos assoviados
Da balbúrdia descontrolada
De minha vida desesperada...
Por que de idade avançada
Continuo sobressaltada
A querer me convencer
Que desse lado da calçada
Não devia passar pensando
Sentindo, querendo e amando?...
Tudo tem o seu momento
Na vida e no esquecimento
Que fazem da ambição
Dos tratados encimesmados
Querer ter da vida ainda a sensação
Que me enlouquece, tira a razão...
Nas ciladas que antevejo
Nas cordas soltas, sentidas
Por que privar minha vida
Dos sonhos, da tentação?
Melhor que ficar adormecida
E jogar fora a razão...
Myriam Peres