QUERO AMOR
Das encostas dos céus rolei
arrastando o eco dos abutres
nos calcanhares, da minha pele
gasta pelas batalhas, escorreram
pérolas de sangue e sonhos amassados
pelo tempo, no entanto, gritei teu nome
para no fundo dos rios escutar a minha
voz tomar a forma do teu corpo,
e rasgado como um vampiro entre mutantes
escolho a arma perfeita que o Anjo entrega
para ceifando demônios encontrar sentido
na vida.
Amante do teu corpo, quero o Amor,
a carne só tem sentido guardando o segredo
que o universo deposita nos sonhos da mulher,
quero o Amor e não abro mão de te levar comigo
pelos braços entre becos e oceanos,
entre incêndios e delírios.
Quero o Amor, e mesmo que os monstros
da rendição vasculhem desertos e cemitérios,
de nós apenas esfinges e enigmas depostos
nas cabeças mortas dos príncipes
apontam passagem.
Orquídeas criminais oferecem serpentes
antes das tempestades, mas atiro
os fantasmas na lama junto às espadas,
porque os tempos são de desconfiança
e desleixo frente aos precipícios.
Mesmo assim, levo-te até as ilhas
cujos frutos e os palácios de areia
são eternos, porque levantados
para os heróis sem mitologia
que só querem o amor das mulheres
escolhidas.