Num Domingo de Manhã...


Eu sei o que sente um passarinho
Que aprisionado se debate na gaiola
É um misto de ausência de carinho
Com desenfreada paixão fora de hora
Ontém espalmei o portão
Ouvindo o canto triste de um sabiá
Encostei na grade fria meu coração
Vendo do lado de fora a vida passar
Casais enamorados passeavam pela rua afora
Me senti uma morena presa numa gaiola
Que como o sabiá nas grades me debatia
Prenúncio que dos meus poros surgiria mais uma poesia
Bem devagar segurei o trinco
Se disser que não chorei minto
Mãe vou até ali do outro lado da rua
Tímida senti minha alma totalmente nua
Segui rumo aquela árvore exuberante
Esperando quem sabe um grande amor passar
Mas fechei os olhos por um instante
Na vida nem todo passarinho pode voar
Vem para dentro menina
Ouvi minha mãe me chamar
Pode existir muita dor na minha retina
Mais eu sempre abro um sorriso
Para minha mãe nunca mais chorar
Quero que ela tenha momentos felizes
Porque ela e meu pai já sofreram demais
Como árvores que preservam suas raízes
Sou a moça de Batatais
Aquela que aprendeu com a solidão
Que para pessoas sensíveis como eu
O melhor lugar do mundo
É do lado de dentro do portão...




                                       







 
Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 18/06/2014
Reeditado em 18/06/2014
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