EU
Sou a cidade desabitada.
Quem chega dissolve-se na aragem ou morre.
Quem permanece, ausente, veste musgo,
cobre as paredes do tédio e emudece para sempre.
Só os olhos ficam vivos,
só o coração percebe a tua mão estendida
o corpo sem alma que serve sem medida
na tua avidez.
Sou o vazio.
Nem voz, nem vontade ou ideia,
apenas a dádiva que emerge e incendeia
para que te ilumines.
Eu sou a estrada.