Apelo
Apelo
Gastámos os códigos, perdemos caminho e somos, isolados, figuras de carne na força da maré. Pó, pedras e céu pesado são limites da minha mágoa. A meu lado, foges da presença quente de outros dias. Nas lágrimas já não sou eu que te procuro é o corpo que me chama sangue, suor, semente. Sinto o peso da terra, o teu olhar a definir as armas, a sede a crestar-nos a boca. Desalinhados e tensos, órfãos de paz na aridez, vejo a agonia rubra da luz e as tuas mãos a tatear o que os olhos, mergulhados nas sombras já não vêem. Sem voz, tenho a pele queimada de tempo e sol mas sobra vontade de dizer que estou vivo e te quero. Tudo o que me ocorre pode ser dito pelo olhar mas já ambos somos noite, vazio, silêncio. Toma-me e viveremos!