Por onde andamos nós?
Por onde andamos nós?
Ainda não consegui pensar direito
Não sei se algum dia o fiz
Se te encontrar foi caminho sem acostamento
É sofrimento, síntese de mim, tormento
O que nos atraiu, enfim?
Sei que é mais que amor, virou trejeito
Precisar de ti é confiar em mim
E meu instinto, minha razão, causa e efeito
Desculpa se demorei a cair na tentação
Eram os teus abraços, trespasses
E nunca teve discussão, faça não
Pode ser a gota d'água
E derramaste foi com raiva
Banho de água fria em gato escaldado
Fui surpreendido, não só uma vez, sempre ao teu lado
Hoje cá estou, não sei bem onde, etereamente apaixonado
Disseste-me um dia que não sabia explicar o que queria
Cultivo do mesmo sentimento, coisa de momento
Somos mais do que um explicar, sofrimento
Um se entregar bem mais do que sentir
Pergunto-me onde estou, com você não caminhos
Há certezas de onde quero estar, incertezas de onde vou
Apego-me a teus abraços, caminhos, pegadas e passos
Há um vilarejo ali, dizem que o vento é bom
Na varanda tu descansas, vemos o horizonte deitar no chão
Acelerar o coração, “parnasianear” o que há de bom
E se forem embora, e agora?
Serei eu fora, de casa, do campo, da estrada
Retilíneas serão minhas lágrimas a rolar
E ando pela corda bamba da vida, fora de mim
Longe de ti, onde estão minhas vias?
Quando te encontrei, já te li
Esses teus olhos de magia
Essa tua capacidade de criar idolatria
Fui logo teu servo, teu admirador secreto
Fugimos juntos da monotonia
Hoje já maduro tenho a resposta na ponta da língua
Se me perguntarem porque sempre voltamos a juntar?
Somos dois loucos, talvez excêntricos
A partir de nossos devaneios
Havemos de sempre nos encontrar
Gabriel Amorim 08/06/2014