Expectador

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Qual o porquê das palmas,

meu cálice virgem?

O que escrevo,

todo o meu verbo,

não vem de mim.

É reflexo da beleza

retratada no encanto

que exorbita,

leve e serena,

de você.

Quem merece o furor das palmas;

quem exige exaltação,

não é minha pobre letra.

Nela, que pena, não existe profusão.

Quem deve ser celebrado,

despindo meu olhar pagão,

é o divino encantamento do teu corpo.

Revestido em pecaminosos tecidos,

ele encobre o portal da ilusão.

Não busco descobrir nada.

Desejo o revelar-se gratuito.

Que a flor se abra,

sem medo;

que o condão da entrega se processe,

plenamente;

e que a vida,

brindada em goles de sensuais gritos,

seja o reflexo da bondade,

do amor casual, fortuito...

Não por ser menor,

mas surgido do acaso,

quando dois estranhos,

virtualmente apresentados,

decidiram, finalmente,

entregarem-se ao amor.

Iguatu-CE, 9 de maio de 2014.

20h35min

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Sentidos

‘Você é maluco?’

‘Não, sou poeta!’

...

Poetas,

diante das musas,

exorbitam em devaneios.

Posso sonhar?

< Sonhe à vontade, mas cuidado!

Modere nos detalhes. >

Os detalhes

não seriam ditos,

mas sentidos,

pelos sentidos.

A aproximação

aguça meu olfato canino,

meu olhar de águia velha;

a audição,

que busca gemidos.

Das minhas mãos,

de tato sensitivo demais,

sua pele,

ao tocar a minha,

deixaria tatuada,

indelevelmente,

o desenho da certeira flecha

que me atingiria o coração,

sem me matar,

mas criando,

dentro de mim,

a chama inabalável do amor.

...

Esqueci algum sentido?

Minha ilusão tem gosto.

Iguatu-CE, 9 de maio de 2014.

21h54min

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Nijair Araújo Pinto
Enviado por Nijair Araújo Pinto em 10/05/2014
Reeditado em 10/05/2014
Código do texto: T4800940
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