Lua e Verbo
Um dia, a lua cansada
Sem objetivo soberbo,
Desistiu de brilhar no céu apenas como substantivo
E por sei lá qual motivo,
Decidiu se tornar um verbo!
Virou sinônimo de tornar terno,
De ter em torno toda ternura
E expulsar as mazelas impuras
Do meu paraíso e do meu inferno;
De espairecer as minhas neblinas
E me guiar, se perdido pareço
- e se guiado, escondido pereço
Em doces suspiros, tal como menina.
Virou sinônimo de poesia
E tornar pleno e belo o escuro
E inspirar esses versos, que eu juro:
Não morrerão ao nascer do dia.
E é por isso, moça,
(levando em conta
A semântica
Da lua em verbo,
E os destinos incertos que nos cercam e se devoram)
Que meu coração declara que esquece
De tudo que é ruim no mundo
Quando você me enluece.