TROCANDO OLHARES
Um dia distante,
trocamos olhares,
tímidos, furtivos,
apaixonados depois.
Casados,
frutos vieram,
de feliz união,
e os olhares,
ainda doces,
meigos se tornaram,
na condição de mãe,
ao amamentar seus filhos.
E depois,
de um fruto do amor,
netinhos vieram,
temperos gostosos,
dádivas de Deus,
e nesmo assim,
os seus olhares,
mais divididos,
muito sobravam,
para quem escolheste.
No entanto,
na doença,
no sofrimento e na dor,
os teus olhos,
esmaecidos e tristes,
quase sem brilho,
foram se indo,
e no seu findar,
para meu desespero,
se fecharam,
sem antes me ver.
Entretanto,
suas córneas peregrinas,
em outros olhos,
não sei onde,
se perto ou longe,
brilham de novo,
e um dia,
também vão trocar,
olhares furtivos,
tímidos em principio,
apaixonados depois,
assim como,
um dia distante,
também nós fizemos.
JAIRO/ONDINA
Reedição da poesia publicada neste Recanto no dia 26-04-2006, com o título "Teus Olhos", e que serviu para uma campanha do Banco de Olhos de Sorocaba em 1998 para doação de córneas com muito sucesso e que prossegue até hoje.