Outono
O outono chega trazendo o vento das mudanças
Descarta em forma de folhas os excessos do verão
Tornam-se mais contidos os novos ritmos e danças
Arrefecem as labaredas fugazes do meu coração.
Não há mais pressa, o encontro é certo e iminente
O tempo e a distância não são mais velhos inimigos
Dúvidas e incertezas desaparecem de forma permanente
Todos os problemas somem totalmente esquecidos.
As árvores sussurram e repetem nossas palavras de Amor
Dançam sedutoramente tal qual a coreografia dos amantes
Desfazem-se do supérfluo sem saudades ou resquícios de dor
Embora antigas e sábias, guardam em si o ineditismo dos infantes.
Maré e luas se alternam em ciclos similares, mas jamais iguais
Novas matizes predominam trazendo delicadas e sutis diferenças
Tudo que passou jaz esmaecido e sepultado, não voltará jamais
Desaparecem as promessas e juras vazias e surgem novas crenças.
As folhas pelo chão formam setas apontando o novo caminho
Não há retorno, o novo terreno não deixa rastros ou pegadas
No peito a certeza incontestável que jamais voltarei e estar sozinho
Na pele o gosto agridoce do prazer de passadas e futuras madrugadas.
Nossa primeira estação completamente juntos e sob o mesmo céu
Ao alcance de nossas mãos, bocas, sentidos, desejos e pernas
Sem culpas, julgamentos, juízes nem imbuídos de papel de réu
Arquétipos do Amor, protegidos de tudo embaixo do seu delicado véu.