O Poço
Úmido e escorregadio
É o poço em que caí,
Em passando, todo erradio,
Me acheguei, me traí.
Suas paredes o limo encerrou,
Sem deixar medida pura,
Só por onde meu corpo roçou
Se limpou na roçadura.
Nesse poço, louco lugar,
Um vestígio pude ver,
De que houve alguém que, a passar,
Quis, também, comparecer.
Ah! se pôde a esse alguém expulsar,
Enjeitar, repelir.
A mim pode afugentar,
Me fazendo emergir.
Mas se nele eu quiser viver,
À sua recusa, eu digo: não!
Pois nesse poço quero me manter:
Ele é o teu coração.