O Poço

Úmido e escorregadio

É o poço em que caí,

Em passando, todo erradio,

Me acheguei, me traí.

Suas paredes o limo encerrou,

Sem deixar medida pura,

Só por onde meu corpo roçou

Se limpou na roçadura.

Nesse poço, louco lugar,

Um vestígio pude ver,

De que houve alguém que, a passar,

Quis, também, comparecer.

Ah! se pôde a esse alguém expulsar,

Enjeitar, repelir.

A mim pode afugentar,

Me fazendo emergir.

Mas se nele eu quiser viver,

À sua recusa, eu digo: não!

Pois nesse poço quero me manter:

Ele é o teu coração.

Paulo Kol
Enviado por Paulo Kol em 11/03/2014
Reeditado em 11/03/2014
Código do texto: T4724401
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