SOMBRAS DA NOITE

Grandes luvas negras

para umas mãos magras, esqueléticas...

Assassino que dispara a bala que passa,

arranha, estraçalha

um coração cheio de ternura,

meigo de candura.

Grandes luvas negras

de presença alucinante

na noite triste, sem luz

que reluz

no peito desmaiado,

malhado

pela solidão de não estar só.

Criminoso que ampara, segura e amansa

e descansa no colo sofrido.

Sombra da noite de muitas outras noites duvidosas...

Receio do fantasma que diz que ama

e que de você emana.

E sou eu assustada nesse escuro murmúrio,

ouvindo,

e por amor querendo acreditar.