Quando Não Estás Aqui (Para Ana Carolina Colnago Roco de Azevedo)
Quanto não estás aqui,
A casa morre de verdade,
Os objetos, parados, sem fim,
Falta a vida de sua personalidade.
A busca pela imagem em cada canto,
As roupas, impregnadas, com seu aroma,
É motivo de esconder um pequeno pranto,
Pois não existe casal que fique sem sua soma.
E o gato não é o único solitário,
Já que tudo possui essa falta,
Como se a ausência fosse o espaço,
Que toma conta com tremenda calma.
Ecoa a memória de sua risada,
Embora o som silencioso das ruas,
Seja a única fala que vejo expressada,
Como se essa pessoa em espera estivesse nua.
A fragilidade da carência,
Que abraça o corpo inteiro,
Chegando a estado de demência,
Feito formiga sem formigueiro.
E as horas, malignas retardadas,
Trabalham para um tempo vagaroso,
Onde conto cada segundo, cada palavra,
Me fazendo de pássaro sem o seu pouso.
E logo vem o fim do dia,
Logo após a eternidade,
E a casa volta a ter alegria,
Você voltou para essa realidade.
O peito explode e tudo é harmonia,
Te beijo e olho nos seus olhos,
O amor é fonte inesgotável, que contagia,
E com nada mais eu me importo.