Num tempo que desabrocha

O ontem manchou a face e talvez criasse tal monstro

de um amor nostálgico e sem identidade.

Perdido entre despeitos, intrigas e calafrios

perpetuando-se no forte tempo e num corpo frágil.

- E pensavam que só a morte o dissiparia na eternidade.

No encalço de um pé descalço que anda sobre cacos de vidro

viu a lucidez divina, viu história e desenvoltura.

Criou ampla escultura com o perdão alheio e latão impuro.

Fez-se o mais novo aluno, assíduo e frio, na escola da vida.

Tempos selvagens de trepidações na alma

terremotos que cochicham ao ouvido

sondando a mente e despontando estradas:

- quero estar sozinho, quero leito e um copo de vinho.

- quero o som baixinho e as janelas e portas fechadas.

São altas as montanhas e é incrível

quão o sol, forte é o clarão que habita no cume.

Há um tempo que desafia, e esquenta, e esfria, e desabrocha.

A simples flor torna-se mais que uma flor...

Torna-se nossa – ternura, torna-se lume.

André Anlub®

(11/1/14)

Site: poeteideser.blogspot.com