VENTOS SEM RUMO
Um novo dia raia
com as esperanças perenes
dos amantes de outrora
– o mar e a planície –
em outras línguas,
em outras caldas,
em outros sonhos,
abrenunciando novas
quedas porvires:
o mar se alvoroça
a lamber suas encostas,
deixando falésias
pelo caminho,
pousam beija-flores,
borboletas e joaninhas
à carne e à insânia
da planície.
Ao entardecer,
chovem lágrimas de sais
por toda parte,
alagando cantos, encantos
e recantos,
à noite as estrelas aparecem
para velar suas mortes
em agonia
– do mar sem a planície,
da planície sem o mar –
com as almas vazias.
Péricles Alves de Oliveia