O sol de janeiro
É janeiro. Não tenho como negar.
Inventei uma parceria com meu coração.
Ele, então, voltou-se para mim
E me disse que devo amar
Outra vez.
Agitei meus sentidos
Como num temporal.
Meus olhos passaram a ser
Uma presença de medo.
De tudo. Era comigo que eles pareciam.
Aquele desejo de sumir da vida.
Quis gritar que eu tinha sofrido muito.
Não pude.
Pois foi quando vi que forças
Ainda restavam dentro de mim
E me chamavam para a canção do dia.
Assim atingi um olhar enquadrando
Infinitamente a vida que segue.
Fiquei apreciando como amante
Os movimentos de meu coração:
Tique, taque! Tique, taque! Ele fazia.
Quero o sol de janeiro, eu decidi.
Mas vai chover um pouco.
Não importa.