BARCOS A VAPOR

Não sei dizer por quê
– e que tanto importa
o porquê? –,
mas sei que nos havia

uma praça com flores
onde nos sentávamos,

um mar com esplendores
onde nos navegávamos,

e um amar com fervores
onde nos dadivávamos;

de fora, vozes e imagens
efluiam de ilustres transeuntes,
a nos fecundarem
com outras possibilidades;

e, como não nos fôssemos
mais suficientes,

e, como queríamos a gravidez
das aves e dos girassóis salientes,
caímo-nos em extravios,

esfriando-nos nos gestos,
colidindo-nos nos versos
e morrendo-nos nos restos.

Péricles Alves de Oliveira
Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent)
Enviado por Péricles Alves de Oliveira (Thor Menkent) em 11/01/2014
Reeditado em 11/01/2014
Código do texto: T4645750
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