PERMITA-ME
Permita-me, senhora,
que eu me pouse
sobre teu telhado
e, de soslaio,
zele-te o sono nu
sobre esse lençol
branquíssimo
de cetim;
permita-me, senhora,
que, mesmo distante
e sem que percebas,
eu sinta a febre
de teu corpo
e sublimidade
de tua alva;
só para amainar
meu declínio
abissal,
só para acalentar
meu sonho
exíguo,
só para aliviar
minha alma
angustiada.
Péricles Alves de Oliveira