GOSTO QUANDO TE CALAS
(Pablo Neruda)

 

Gosto quando te calas
porque estás como ausente,
e me ouves de longe,
minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias
da minha alma emerge das coisas,
cheia da minha alma.
Borboleta de sonho,
pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando,
borboleta em arrulho.
E me ouves de longe
e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também
com o teu silêncio claro como uma lâmpada,
simples como um anel.
És como a noite,
calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas
porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.


INTERAÇÃO

SE TE CALAS
(Sócrates Di Lima)


Então, não te calas,
Posto que, muda a saudade grita,
Geme e chora,
Como tiveste ido embora,
E mesmo que não tenhas querido,
Se te calas,
Ventos e chuvas....
Fazes tempos sofridos,
E a incerteza,
de que o teu silêncio de amor,
Mesmo surdo,
Traz-me a certeza,
De que não tenhas de fato, de mim partido.

 
PABLO NERUDA
Enviado por Socrates Di Lima em 04/01/2014
Reeditado em 05/03/2014
Código do texto: T4636763
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