Amar-te Assim
Amar-te assim,
ardente e trêmula como a estrela da manhã
que num frenesi de luz tem volúpias de esplendor.
Amar-te até o último tremor, convulsa de luar,
nu artístico sobre pétalas, rosa úmida de beijos
e a sede aflita do desejo buscando teu oásis,
secreto refúgio da poesia onde guardas minhas ânsias
de buscar o céu em febril levitação.
Amar-te assim,
desconsolado, sem tempo nem limites,
insaciável fuga desatada em gozo etéreo
na convulsa passagem do infinito pela carne.
Timbrar-te a pele clara com vestígios de arrebol...
Ah, desvario de sensações em delírio indefensável
quando os corpos se confundem e se fundem em fogo humano
e as bocas se engolem, e as línguas dialogam
num balé tangendo o céu.
Amar-te assim,
além da rigidez dos músculos e dos ímpetos dos nervos,
qual dois rios em conflito que se inundam e se misturam
e que juntos se derramam em um delta entre planícies...
Amar-te até o último impulso, o lampejo derradeiro,
até a perda dos sentidos no ocaso da vertigem
e dormir no alumbramento de quem goza eternidade.