Procura-se Musa

Poeta amador, sonhador trintenário,

De peso mediano e gosto duvidoso

Em meio às pessoas, ermitão solitário

Mas a tudo atento

Felicidade e lamentos

No clamar da tristeza, do fim receoso

Acolhe do nada fiapos etéreos

Na vã esperança de fugir de si próprio

E com a pena imposta no papel branco-aéreo

Em escrita transforma

A poesia que forma

Seu pedido de busca ao seu pessoal ópio

Pois deseja contato com Musa inspiradora

A fim de produzir da tristeza combustível

Endireitar vida e arte de forma duradoura

Com carícias e beijos

Inventando desejos

Concretizando até o impossível

Ela deve ser gorda, magra, baixa ou alta

Loira, ruiva, albina ou morena

Mas de cuja presença se sinta muita falta

Inteligente beleza

Residente à certeza

Que seja, além de bela, intensa e amena

Deve amar a si mesma, e da poesia não implica

Com o dom da escrita, ou algo análogo

Se lendo este apelo alguém se identifica

Não demore em lamentos-açoite

Busque um dos meus sonhos à noite

Para de imediato começarmos diálogo.