Homens ao mar
Fiz quadras que não eram quadradas
Eram redondilhas que de tão sozinhas
Não faziam um poema
Eram como ilhas pequeninas
Que um passo a frente
Estás a andar sobre as águas
Meus versinhos, versados em passarinho
Não chamam lá muita atenção
São pios de um filhote no ninho
Que ainda não sabe voar
Minhas redondilhas são filhas da poesia
Que invoco todo dia antes do sol nascer
Mas eu não sou poeta, não posso ser
Não sem teu amor que resiste ao clamor
Da legião de poetas que te cortejam em vão
Tu que éras a gazela zelando os sonhos de Portugal
Agora és a gaivota a resgatar os náufragos
Homens que de tanto te amar
Não resistiram como Ulisses,
São homens ao mar.