Enquanto choram os violinos

Pare de usar meias palavras,

Essas já não suprem minha débil alma

Pare de usar de poemas baratos,

Cite ao menos um Caeiro, um Moraes

Pensas mesmo que me engana,

Percebo-te diferente,

Não me chama, nem clama, na cama

Já não sinto fundir a íris com teu olhar

De amantes somos ótimos artistas

Somos pierrôs perdidos, colombinas errantes

Porque pensas que me ludibrias,

Aliás, será que já não fui só uma aventura

Um peso a te exaurir, te consumir?

Pedi-te, um beijo, abraços, afagos

Só pode ser brincadeira

Falas tanta besteira, enches meus ouvidos

Pare com isso, já somos tão adultos,

Você até adúltero

Chegamos ao ponto de trocar cartas,

Não reconhecermos as almas,

Que um dia num enlace se fundiram,

Num só corpo, coração, fagulhas de emoção

Num só Deus, a ilusão

Me trocas por violão, ébano, ébrio

Não consigo te olhar mais

É difícil demais, olhar para trás

Só fazes enganar, a idade não te caiu bem

O cenho endurecido, o ego amaciado

Sois louco, desgraçado!

Devo abaixar meu tom de voz,

Afinal os vizinhos não podem escutar

Tua reputação, teu luxo, é lixo, é vago, desalmado

Eu bem que podia prever, menina moça de Tabira

Juntar com homem formado de Recife

Ela virando mulher, ele iniciando a velhice

Ele, gatuno demais, ela inocente, impotente, incapaz

Quem dera voltar atrás, não te ver nunca mais!

Se agora somos farsa, deixe eu dizer que te amo,

Deixa eu cuidar de você

Fosses minha pilastra, meu alicerce,

Fiz de teu peito minha moradia

Parece que não pagamos penitência, ainda

O casamento foi mera coincidência

De uma jovem abestada com um velho em abstinência

Deixe que queimem as cinzas de nós,

Deixe que falem sobre nós

Nunca fomos nada, hoje és só página virada

Que na lareira de minha vida teve seu fim

Quem dera um dia olhes para mim, e diga o quão sou bela

Que um dia no ouvido cantem aquela seresta

Que você jurou que foi feita para mim

Largo esse choro, esse botequim, hoje punk-rock sou axé

Sou Reggae, Clássico, até que um qualquer

Seja eclético demais para me oferecer um tango argentino

Gabriel Amorim 26/08/2013 http://devaneiospalavras.blogspot.com.br/

Gabriel Melo Amorim
Enviado por Gabriel Melo Amorim em 21/10/2013
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