CARTA À MULHER

Por que se tornam castos teus olhos se na imensidão das saudades eles se debruçam em lágrimas?

De onde surge essa força que te perpetua na eternidade dos teus sonhos que amanhecem dos teus sonos livres?

Teu colo é um infinito de aparições que flutua em carinhos a explicação da existência aparentemente sem vida.

Teus braços sempre se abrem para os novos amanhãs brancos ou eternamente coloridos.

E mesmo que queiram te roubar os sentimentos mais íntimos, mesmo que queiram te aprisionar os gestos, assim te sinto, como um sol paciente que habita o ventre das madrugadas e nasce. E renasce sempre.

Por que se tornam beijos os teus sorrisos, se teus filhos algum dia vão te abandonar, como se desprendessem quase sem sentir, a vida que os uniu?

O que realmente habita no teu reino misterioso, se mostrando tão puro quanto o canto das despedidas?

Teu amor fecunda esperanças e gera o futuro dos encontros predestinados à liberdade e concebe.

E os homens que se dizem ateus, por mais que se escondam das palavras, te pensam mulher, mas pronunciam Deus.

Fernando Varela
Enviado por Fernando Varela em 22/07/2013
Reeditado em 22/07/2013
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