UM PORRE DE POESIA

Hoje eu tomei um porre de poesia. Consegui beber todas as letras que as palavras, ansiosamente, esperavam por mim. Tentei de uma forma tão louca, encontrar o sentido da loucura. Não consegui. Tentei, então, continuar bebendo frases, concordâncias, discordâncias principalmente. E eu continuava tomando um porre de poesia. Mas a porra da poesia do porre ou o porre da porra da poesia não parava de rodar e aí eu me joguei pra fora de dentro de mim mesmo.

Tantos e quantos porres de poesia eu gostaria de tomar, se possível fosse e beber todas as palavras, podendo conjugar verbos sempre no presente, como se o pretérito houvesse sido apenas uma vaga lembrança do passado. Então me pergunto: aonde está o futuro mais que perfeito?

Hoje, quem sabe, não as letras, nem as palavras, mas as frases me convençam que é possível a formação de parágrafos de início, meio e fim da redação de nossas vidas, mesmo que seja necessário tomar um grande porre de poesia.

Fernando Varela
Enviado por Fernando Varela em 09/07/2013
Reeditado em 21/04/2016
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