A Morena e a Mortadela...


Aquele fazendeiro vizinho
Queria dispor do velho cavalo
De que vale esse tal de carinho
Se pensam que ser rico na vida
É sinônimo de milionário
Chamou o comprador da fábrica de mortadela
Sobre protestos de uma donzela
O comprador ofertou mil reais
Pobre moça de Batatais
Sem poder cobrir a oferta
Sentida encarei aquele rapaz
E o mandei a merda
Sem pensar montei o alazão
Quando vejo uma injustiça
Me transformo numa rústica morena desprovida de coração
O rapaz sem os mil reais na carteira
Seguiu em disparada
Meu perfume exalando pelo rastro de poeira
Ao chegar em um campo em flor
Lembrou-se de Monet
Quando viu o cavalo dócil
Sendo domado pela simplicidade do amor
Aproximou-se gritando:
Moça, você esta encrencada...
Mas ela parecia muito controlada
Vai precisar de um advogado para lhe salvar...
Ela então virou-se sustentando aquele olhar
Ele foi baixando a voz
Imaginando os cabelos dela esvoaçantes entre os lençóis
A voz foi se tornando um sussurro na boca
Ela veio chegando bem pertinho
Incendiando nele até a roupa
Esqueceu-se da mortadela
Perdendo-se todo ao encontrar os lábios dela
Tantos amores deixados ao léu
Para a essa altura da vida
Deixar-se seduzir
Por uma caboclinha chamada Raquel
Moça se eu quisesse poderia estar presa...
Dengosa ela parecia nos braços dele indefesa
Abraçada a ela ali mesmo no chão
Descobre a força do sentimento
De uma simples moça do sertão
Dinheiro é bom quando não envenena
No final da contas não tem choro e nem novena
Fiquei com o alazão e o seu coração
E ele satisfeito bate no peito
Essa é a minha morena...




                                         





Raquel Cinderela as Avessas
Enviado por Raquel Cinderela as Avessas em 25/05/2013
Reeditado em 25/05/2013
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